quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vazamento da prova do Enem é confirmado pela Polícia Federal

Por R7

Professora de município baiano teria fornecido dados antes da aplicação do exame

A Polícia Federal divulgou na madrugada desta quarta-feira (24) que houve um vazamento da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), realizado em todo o país no dia 7 de novembro. A constatação, divulgada por meio de nota no site oficial da PF, aponta para uma professora e o marido dela como acusados pelo vazamento de informações sobre a prova de redação. Ambos foram indiciados e podem pegar até seis anos de prisão.

Segundo as investigações da polícia, realizadas durante dez dias em Juazeiro (BA), a 502 km de Salvador, uma professora da cidade de Remanso (BA), também no interior baiano, teve acesso a um dos textos de apoio da redação duas horas antes do início das provas, e ligou para o marido em Petrolina (PE). As informações repassadas por ela foram relatadas ao filho, que realizaria a prova na cidade pernambucana, e ele consultou um dos aplicadores. A suspeita foi denunciada e comprovada pela PF.

O nome dos envolvidos no crime ainda não foram divulgados pela corporação.

Quebra de sigilo telefônico confirma vazamento

Com base da denúncia de um dos professores que aplicava a prova em Petrolina, os policiais federais iniciaram as investigações em Juazeiro. Mais de dez pessoas foram ouvidas, perícias foram feitas e, com base nesses dados, o sigilo telefônico dos envolvidos foi quebrado. Com base nas gravações foi confirmado o vazamento, posteriormente confessado pelos envolvidos.

A professora que vazou a prova repassou o título o tema da redação que ela havia visto: “O Trabalho e Escravidão”. Porém, o tema efetivo da prova era “O Trabalho na Construção da Dignidade Humana”. Em Petrolina, o marido recebeu a informação e o pesquisou na internet, antes de ligar para o filho e contar sobre o vazamento.

Já na sala onde a prova seria aplicada, o filho consultou um dos professores sobre como escrever sobre “trabalho e escravidão”. Foi essa pergunta, relacionada a um dos temas presentes na prova de redação, que motivou a suspeita do aplicador e a denúncia de um possível vazamento. O casal foi indiciado por violação de sigilo e podem pegar até seis anos de prisão. O inquérito da PF já foi encaminhado à Justiça Federal baiana.

Ministro defendeu anulação em caso de vazamento

A história do vazamento já circulava entre educadores e estudantes de Petrolina na semana posterior ao exame. Na última semana, o ministro da Educação, Fernando Haddad, declarou que a confirmação de um vazamento do Enem poderia motivar a anulação do exame, já cercado de problemas neste ano - falhas na encadernação, cabeçalho trocado e batalhas jurídicas.

O Enem já enfrentou um vazamento, em outubro do ano passado. Funcionários que trabalhavam na gráfica responsável pela impressão das provas tentaram vender um dos cadernos à reportagem do jornal O Estado de São Paulo por R$ 500 mil, mas acabaram identificados e presos. Em virtude disso, o exame acabou cancelado.

Até o momento o Ministério da Educação não se pronunciou. Antes da informação de vazamento a entidade informou que a nova prova do Enem seria realizada no dia 15 de dezembro, às 13h. Apenas os prejudicados pelas falhas encontradas no caderno amarelo poderiam participar.

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